segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

TEXTO DE RITA LEE

"Por mim, acho que só as mulheres podem desarmar a sociedade, até porque elas são desarmadas pela própria natureza: Nascem sem pênis, sem o poder fálico da penetração e do estupro, tão bem representado por pistolas, revólveres, flechas, espadas. 
Ninguém lhe dá, na primeira infância, um fuzil de plástico, como fazem aos meninos, para fortalecer sua virilidade e violência. 
As mulheres detestam o sangue, até mesmo porque têm que derramá-lo na menstruação ou no parto. 
Odeiam as guerras, os exércitos regulares ou as gangues urbanas, porque lhes tiram os filhos de sua convivência e os colocam na marginalidade, na insegurança e na violência. 
É preciso voltar os olhos para a população feminina como a grande articuladora da paz. E para começar, queremos pregar o respeito ao corpo da mulher.

Respeito às suas pernas que têm varizes porque carregam latas d´água e trouxas de roupa. 
Respeito aos seus seios que perderam a firmeza porque amamentaram seus filhos ao longo dos anos. 
Respeito ao seu dorso que engrossou, porque elas carregam o país nas costas. São as mulheres que irão impor um adeus às armas, quando forem ouvidas e valorizadas e puderem fazer prevalecer a ternura de suas mentes e a doçura de seus corações. 
Nem toda feiticeira é corcunda. Nem toda brasileira é só bunda".











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